Há um ano atrás estaria, possivelmente, agarrada a fotos, tiradas em momentos importantes ou parvos do secundário, a pensar que tinha feito os amigos de uma vida e que me custava, mais que qualquer outra coisa, ver que eles não me respondiam às mensagens, pareciam indiferentes às palavras queridas no facebook ou, ainda pior, ignoravam a chamada esporádica que lhes fazia.
Passou um ano. Muita coisa mudou. Cresci. Aprendi. Conheci pessoas. Ganhei pessoas. Perdi pessoas. Mantive pessoas.
Aqueles intocáveis, que já passaram comigo por mudanças de 180º, continuam cá comigo, e espero que assim estejam, por muitos e bons anos. Mas há casos mais estranhos, daqueles que me fazem pensar 'ao ponto a que a nossa relação chegou?', mas que, estranhamente, já não me fazem chorar.
Tenho pessoas que desligaram de todos os amigos quando vieram para a faculdade. São opções, já o disse mil vezes. E quando essas pessoas são tão próximas, tão próximas, dói tanto, mas tanto, que mais valia ter que tirar sangue três vezes ao dia. Se for ler textos mais antigos, acho que facilmente percebo como estava mal e como isso me incomodava. Agora já não.
Há dias uma dessas pessoas escreveu-me um comentário no facebook e eu fiquei meio 'oi?'. Já é estranho, já não lhe mando mensagens, passou de uma amiga para uma conhecida e duvido que haja volta a dar, ainda que há dois anos pensasse que ia estar comigo all life long. Por desleixo, por desinteresse, por cansaço, por todas estas coisas, talvez. Já não sinto a falta dela nem sei como, hoje, a integraria na minha vida. Talvez o tempo para aquele cafezinho adiado de mês para mês se tenha esgotado, para sempre, na minha agenda.
Depois também tenho relações estranhas, que nem eu percebo bem nem sei porque é que as mantenho. Sabem aquelas pessoas que mesmo que estejamos mil anos sem as ver depois volta tudo ao mesmo? Eu tenho amigos assim. Mas não gosto de como as coisas funcionam, gosto de saber se está tudo bem com eles, se fazem trabalhos giros, se compraram um perfume novo, essas coisas parvas e banais que alimentam relações, que têm um ar fútil e feliz e que fazem com que as coisas se aguentem. E depois não ter uma mensagem ou um telefonema, não é coisa para o meu feitio, não é. O estranho aqui é, há um ano, isto custava-me horrores, não passava uma semana sem dizer qualquer coisa fofinha. Agora não, já não mando a tal mensagem, já não faço a chamada, já não estou por perguntas queridas ou frases para animar o dia.
Eu sei, eu sei. Pareço uma bruta que se está a lixar para os amigos. Ideia errada. Para os meus amigos que estão comigo continuo a mesma de sempre mas, lá está, a grande verdade é que somos um animal de hábitos e também nos habituamos à ausência das pessoas que gostamos. Pode demorar um ano, dois anos, nos casos mais graves, uma vida, mas a verdade é que de dia para dia aquelas mensagens já não fazem falta, de ano para ano a pessoa vai sendo cada vez menos importante e, quando só fica retido no filtro o mais forte, essas pessoas acabam por sair, porque nesta bola de neve, a primeira chamada rejeitada foi apenas o início. (tinha que dar aqui um ar de drama queen)