terça-feira, 27 de agosto de 2013

O que fazem nas praxes?



Aqui há coisa de uma semana enviaram-me este vídeo e, das vezes que o vi, fui fazendo uma listinha com diferentes tópicos abordados, para que vos possa esclarecer em algumas questões. Já sabem se tiverem mais dúvidas, enviem tudo para solammente@gmail.com.
Vamos então por partes:
 
Ter o nome de verme nojento/besta: isto é certinho, mas não humilha ninguém, ao contrário do que se diz no vídeo. Possivelmente, vão andar com a placa todos os dias em que forem praxados, mas no autocarro para a faculdade, não precisam de a ter colocada (a não ser que algum superior vosso esteja por perto). E quando aparecerem com ela em público, provavelmente estarão com mais cinquenta pessoas iguais a vocês. Assim sendo, o truque é não dramatizar, é só o nome que ostentam até serem promovidos a caloiros.
 
Contacto corporal: aqui para as pessoas que são menos dadas a estas coisas pode causar alguma comichão. Mas é normal dar-se as mãos, mãos na cintura, no rabo, aquele jogo de passar as moedas, moches, rodinhas, uns ao colo dos outros. Claro que pode haver coisas em que achem que estão a abusar de vocês, eu acho que se a praxe for organizada por pessoas 'sensatas' não haverá nada de mais desconfortável, mas lembrem-se que só fazem aquilo que vocês querem, podem sempre dizer que há determinada actividade que não estão dispostos a realizar.
 
Posições sexuais/ coisas relacionadas com sexo: parece que se há praxe que diverte muita gente, é esta. Eu acho parva, não dá graça para quem manda, deixa os caloiros constrangidos e causar barreiras (o último objectivo da praxe). Talvez anime quem anda mal resolvido neste campo.
 
Encher: ai, aqui está o B A Bá da praxe, encher. Se isto ajuda a integrar, se é divertido, se traz alguma novidade à coisa? Não. Talvez esta seja a ordem em que se tenta mostrar quem manda ali, não vão ao caloiros estar muito à vontade, bora lá fazê-los encher.
 
Ir à praxe para usar o traje: é capaz de ser a coisa mais parva que já ouvi, relacionado com as questões académicas. Usar o traje só por usar não tem jeito nenhum, não vale a pena irem gastar uma pequena fortuna nele. O traje é um símbolo da tradição académica (com regras estúpidas nas horas, mas isso é conversa para outros carnavais) bem como a praxe. Se vale a pena ir a esta, mesmo quando não se tem em vista o traje? Sim. E já o expliquei aqui porquê. A par de ser um momento para conhecer pessoas dos outros anos que depois até se podem revelar fofinhas, é também uma altura para começar a perceber como é que a coisa funciona e para se divertirem. Sim, porque se aquilo não for divertido e se for só humilhante, mais vale ficarem em casa a ver o Goucha.
 
Quem não vais às praxes integra-se? Sim, sempre achei que sim. Até porque muitas das caras que vêem nas praxes não vão ser memorizadas e depois nas aulas (se tiverem turmas relativamente pequenas) vão conhecer quase toda a gente. Funciona tal e qual como quando entram para uma turma nova. Mas, lá está, não vão conhecer pessoas de anos acima dos vossos o que, no futuro, não dá jeitinho nenhum.
 
Medo, vergonha, nojo: dizia a rapariga que teve uma praxe abusiva. Nesta situação, sou completamente contra. Porque o objectivo é integrar-se, ficar à vontade, e o medo e a vergonha são precisamente os opostos. O nojo é outra história. Há quem ache que é giro meter alguém num balde com restos de comida e cabeças de peixe - eu não acho graça nenhuma. Mas também, o nome do curso pintado na testa, verniz com algodão por cima e gracinhas dessas, são parvoeiras normais que não matam ninguém (é nestas coisas que não devem de ter medo de se chegar à frente).
 
Praxes não autorizadas nas instalações: pois que isto devo servir para as senhoras que trabalham nas respectivas instalações não tenham tanto trabalho, ou para que as pessoas que mandam lá naquilo não sejam acusados de nada. Em termos prácticos, para nós, não muda nada. Não acontece dentro, acontece ao portão.
 
(se me tiver esquecido de algum ponto importante, volto a referir, solammente@gmail.com)