Inevitavelmente, se há coisa que uma pessoa aprende logo no primeiro dia de praxe, é tudo o que é música que enalteça a faculdade. E nem é uma coisa que uma pessoa se importe, antes cantar que nós é que somos bons, do que andar a rebolar na lama.
E esse sentimento de patriotismo (salvo seja!) vai crescendo em nós, quanto mais não seja para mostrarmos aos amigos que a nossa faculdade é que é a melhor que existe à face da terra. Mas, aqui para nós que ninguém nos ouve (efectivamente, só lê), não haverá assim uma inveja, um ciumezinho das outras escolas?
Há, claro que há. Não é assumido, nem pode ser, mas todos nós temos aquela coisa da galinha do vizinho. Ou porque têm um horário melhor, ou porque têm menos cadeiras, ou porque a universidade é mais bonita, ou porque é mais moderna, ou porque há bolas de Berlim no bar, ou porque está ao pé disto ou daquilo, ou porque tem gente querida, ou porque têm uma casa de sonho e pagam uma renda inacreditável, ou por isto, ou por aquilo.
E não me venham dizer que não, que é tudo mentira, porque eu não acredito. Gosto de ver outras faculdades, gosta de pensar "como seria a minha vida se eu estivesse aqui?", gosto de ir ao OLX e ver quartos para alugar e pensar "seria eu mais feliz nesta casa?". É assim como se construísse uma vida paralela à minha num espaço de cinco segundos. E isso é bom, por mais que goste (ou não) do sítio onde estudo, da comida do refeitório, dos meus colegas ou dos meus professores.. (é melhor não irmos para o assunto horários, que já ando a preparar uma lista de ofensas para quem tem fins-de-semana de três dias).
Se também sentem isto e começam a atravessar uma crise "será que devo mudar?" não o façam. Pelo menos se só sentirem isto. Porque esta situação é exactamente igual àquela coisa de quando vamos a casa de um amigo pela primeira vez e pensamos "como seria se eu vivesse aqui".
Afinal, por algum motivo se diz que a galinha do vizinho é melhor que a minha.
