Estava a ler um discussão sobre a praxe no facebook e deparei-me com esta frase: "a praxe é uma lavagem cerebral". Fiquei um bocadinho assutada com isto, das pessoas acharem que quando vão para o ensino superior serem manipuladas ao ponto de acharem que vão mudar todas as suas ideias acerca da recepção ao caloiro.
Falo por mim, eu nunca fui anti-praxe. Tinha medo, claro, achava que me iam tirar da minha zona de conforto, que poderia fazer coisas que habitualmente não faço, mas saberia que não me sujeitaria a coisas que não queria e que estava fora de questão acabar num hospital em coma alcoólico. E toda a gente deve fazer o mesmo. Há coisas giras, na praxe, é certo, só que elas estão ofuscadas pelo que os anti-praxe mais extremos dizem e, paralelamente, pelo medo dos futuros caloiros. Mas nunca ninguém é obrigado a fazer nada do que não queira, a possibilidade de se declarar anti-praxe não é ocultada por ninguém e se é verdade que dizem que 'amanhã, quero-o aqui sem falta', nunca morreu ninguém por não comparecer. Claro que depois quem se declara anti-praxe não o pode fazer, mas que moral tem alguém mandar rebolar na lama quando nunca na vida o fez? Se era tão contra aquilo, como é que agora pede a outro para o fazer? Quem não é praxado, não praxa. É simples e sem discussão.
Outra coisa que vem muito com esta ideia da lavagem cerebral é se aquilo que se pensava inicialmente se altera. Claro que sim. Quando nós vivenciamos as coisas, inevitavelmente, começamos a ter outro ponto de vista. Ou não? Depois de fazermos uma peça de teatro na escola não percebemos o quão difícil é atinar com as marcações? Depois de aprendermos a dançar a valsa para o baile de finalistas não percebemos que aquela coisa do rodopiar não é assim a maior facilidade do mundo? Sim, sim e sim.
Uma coisa é certa. Quem não passa pela praxe, não pode ter a mais pequena noção do que aquilo é, seja no bom ou no mau sentido. Não pode estar para aí a opinar como se fosse o dono da verdade e como se os seus argumentos valessem para qualquer situação. Porque aqui, mais do que em qualquer coisa, esta experiência vai depender do espírito do sítio e das pessoas que são os praxistas desse ano.
E também sei que há muita gente que foi um dia às praxes e desistiu, porque aquilo foi traumatizante, o que teve que fazer humilhou-o de tal forma e hoje sabe que foi a melhor decisão da vida dele. Da mesma forma houve quem fosse lá só naquela de 'vou só lá um dia para saber coisas que preciso mesmo', gostou do espírito e das pessoas, continuou pela praxe e, hoje, nem por um segundo se arrepende.
Eu deixei de achar que a praxe era a pior coisa que me podia acontecer na vida e que caloira não era a coisa mais feia que me podiam chamar. Percebi o verdadeiro objectivo daquilo e até tenho saudades. E não, não me foi feita nenhuma lavagem cerebral (há coisas em determinadas praxes que continuo a ser contra), foi porque vivi e, repito, como em qualquer situação, comecei a ver as coisas de outra maneira.
(vou ver se atino com a ativação dos comentários era giro que cada um de vocês deixasse aqui a vossa experiência de praxe e contasse os medos/expectativas que tem em relação a ela)
A praxe não é nem nunca foi uma lavagem cerebral, quem n vive nunca poderá saber o que é
ResponderEliminarVou entrar este ano, mas como é que se diz a alguém que não se quer participar na praxe se nem podemos olhar os praxistas nos olhos?
ResponderEliminarNão te sei dar assim uma resposta exacta, porque nunca disse não a nada pois nunca tive essa necessidade.
EliminarMas quando disseres que não acredito que te vão dizer coisas como 'então o caloiro não quer porquê' ou podem até gritar, o importante aqui é mostrares que não estás fragilizada como esta 'intimidação' e se não queres, não queres e não são eles que te vão obrigar. É sempre importante é falar com algum 'jeitinho' e perceber que há ali uma hierarquia.
beijinhos e obrigada a TODOS pelos comentários
Uma pena só agora haver comentários
ResponderEliminarE ainda não os consegui aplicar em todos os posts, não atino com isto ahah. Mas sempre disponibilizei o email (solammente@gmail.com) para que quem tivesse dúvidas pudesse falar comigo e, inclusive, pudéssemos estabelecer um conversa - nos comentários entre posts isso vai-se sempre perdendo.
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muitos nervos e ainda falta mais de uma semana
ResponderEliminarQual a situação mais desconfortável a que posso ser sujeito nas praxes?
ResponderEliminarAcho que será sempre aquela que te tirará da tua zona de conforto. Mais até que levar com farinha e afins.
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