Não sei se vos acontece o mesmo, mas quando há uma amiga com problemas amorosos mal resolvidos, até aquela noite "hoje não vamos falar de desgostos, só comer bolinhos e rir com a casa dos segredos" se transforma no cenário perfeito para começar grandes teorias sobre o mundo.
Umas boas horas do programa perfeito para chegar a uma teoria que se aproxima da dissertação sobre o vasto espetro que vai desde o "ele faz o meu estilo até à pessoa ideal".
O "fazer o meu estilo" não é muito difícil de se conseguir, ou melhor, comparado com o que se segue, não é o mais difícil. Tem as condições mínimas para se aguentar mais do que dois, três cafés.
Depois, os cafés lá vão evoluindo para os jantares, cinemas e começamos a pensar no que é o nosso ideal, naqueles mil parâmetros em que pensámos quando brincámos com o Barbie e o Ken e estão para aqui guardados, sempre prontos a atacar na pior altura.
Mas, depois, começamos a confrontar-nos com essas fugas de imperfeição do irreal Ken e já não sabemos bem se estamos, ou não, confusas.
Começam as questões mais românticas do estilo "talvez não haja um ideal, talvez haja uma pessoa. Talvez não tenha aqueles olhos azuis nem seja capaz de abdicar daquela música horrorosa que eu não posso ouvir, mas há tantas outros aspetos que acabam por atenuar esses que mais incomodam."
E, claro, a partir daqui, surgem as mesmas dúvidas. Porque é que as perguntas são sempre as mesmas mas nunca há A respostas? Porque é que, das outras muitas vezes que ouvimos isso, achámos que era só um drama que a nós nunca nos ia chatear?
Afinal, em que ficamos? Há pessoas ideais?, há pessoas que se aproximam do ideal?, há pessoas que, fugindo ao ideal, conseguem, nessas fugas mostrar que são bem mais especiais do que todas as ideias que nós tínhamos pré-definidas?
Será que tudo começa com quem faz o nosso estilo, se aproxima do nosso ideal mas que se torna especial pelo jeito único de ser?