quarta-feira, 18 de junho de 2014

Os Exames

Foi hoje o exame mais importante de qualquer aluno de secundário. O exame de Português. Muitos dirão que não, que os específicos das áreas é que valem a pena e etc e tal. Mentira. 
Dos doze anos de ensino que fiz, antes do ensino superior, tenho a certeza que a coisa mais útil que tive, em toda a minha vida, foi ter tido doze anos de português. Porquê? Porque é em Português que, a par de se darem coisas maravilhosas (não estou a ser irónica) como a poesia de Fernando Pessoa ou aquela grande obra que é Os Maias, é em Português que se aprende a ler, a escrever, a interpretar. E quantas não são as pessoas que chegam à faculdade e não têm melhores resultados porque, simplesmente, não sabem o que era percebido na pergunta, porque o Português era demasiado caro.
Por falar nisso, devo confessar que se há coisa que sempre me irritou foi, a partir de uma certa altura, ouvir pessoas a dizerem que 'o professor X usa um português demasiado caro'. Oi? Claro que ninguém deseja ter professores que utilizam aquelas palavras ao jeito do português arcaico mas, estavam à espera que ficássemos sempre pela forma como falavam connosco quando chegámos ao quinto ano?! Então viva a exigência em todas as outras áreas desde que o Português não seja demasiado caro?! Muitos nervos.
Enfim, mas falando dos exames.
Diz que hoje, e pela primeira vez nos últimos anos, o exame de Português teve matéria de dois anos. Isto poderia ser uma grande complicação, se os alunos não soubessem que grande parte da matéria de 11º pode ser escolhida pelas escolas (ou Os Mais ou A Relíquia, por exemplo) e que, sendo assim, tudo o que é opcional nunca sai, digamos que por uma questão de justiça. Passa-se o mesmo no teste intermédio de Português (no meu tempo, era só um), onde não podia sair nenhuma matéria porque os professores são livres de darem os conteúdos pela ordem que bem entenderem (no meu tempo, era assim). Uma pequena maravilha, esse abençoado teste intermédio, que nem valia a pena estudar... porque não havia matéria. Palminhas para o Ministério da Educação.
Para compensar os putos desta grande complicação, vá de fazer um teste bem básico, bem direto, que o que faz falta na vida é saber interpretar funções exponenciais e fazer complexos, porque refletir e pensar sobre um texto já deu o que tinha a dar. Então, Nuno Crato, em 2008 o exame ridículo bem fácil de Matemática fez-te revoltar e agora para Português é isto?! Será que é mais importante termos aí toda a gente a saber, de trás para a frente, a Lei de Laplace do que pessoas que sabem interpretar aquele que são 'obrigados' a ler? Hmmm. 
(atenção que este não é um nenhum movimento contra a Matemática. No meu 12º, tal como já referi inúmeras vezes, fiz exame tanto a Português, como a Matemática. E, apesar de ter 'perdido' muito mais tempo com Matemática e de saber que lhe têm que ser dedicadas muitas mais horas de estudo, também sei que não há nada nesta vida que me faça tanta falta como o Português, mesmo estando longe da área das Línguas)