domingo, 30 de março de 2014

O Meco

Acompanhei a história do Meco quando estava de férias. Depois, o semestre começou, e deixei de ter tempo. Mas há dias, a TVI voltou ao assunto, e deu uma reportagem onde, basicamente, compilavam todas as coisas que, até então, foram descoberta.
Fico sempre com um aperto no coração quando vejo estas coisas, pensar que seis jovens, praticamente da minha idade, perderam a vida numa situação tão ingrata, mexe comigo. Fora isso, gosto de todo aquele ar de novela que a TVI dá à situação. O ênfase que dá às palavras, o transformar as suposições em certezas, as mil descobertas e uma capacidade brilhante para criar uma reconstituição, é talento para ser aplaudido. (já agora, quando se traja, não se usam unhas pintadas)
Claro que depois há repercussões. Como a Casa dos Segredos as tem, ou como as novelas que são conversas de café. Neste caso, o principal efeito é ofender todas as pessoas com um traje que se apanham a jeito. Já ouvi enquanto não estava trajada e quando estava trajada (esta última situação, confesso, é bem mais divertida).
A verdade, é que são poucas as pessoas, para não dizer nenhuma, que têm coragem para se aproximar dos trajados e dizer que estão a fazer por X e Y, apresentando argumentos coerentes. Sim, porque quanto muito, mandam bocas enquanto passam apressadamente. E os miúdos mais novos?! Aqueles que ainda nem foram para a faculdade e que, infelizmente, ainda não desenvolveram o seu sentido crítico (coitados, já tinham idade para isso) mas que, ainda assim, também se fazem de fortes para enfrentar um trajado?! Ah e tal, vamos lá mandar bocas a este, que é para os caloiros nos acharem super heróis e para perceberem que nós temos mais autoridade que eles... hmm, é isto que vai nas vossas cabecinhas, ou estão só tristes por não estar ali a cantar com eles?| É que não apanharam um flash mob para  dançar no meio da rua ou uma color run para andarem por aí pintados e essa forma mais descontraída de levar a vida está a fazer-vos falta.
Contudo, e apesar desta gente parva, não deixa de ser interessante perceber até que ponto as coisas mudam, trajar antes e depois do Meco. Tenho pena daqueles que só apanham o depois, a vida académica deles, pelo menos nos próximos anos, perde grande parte da essência, por mais que os que já lá estão tentem evitar isso. Para os que vivenciam as duas coisas, é fascinante perceber até que ponto ficamos acríticos e podemos ser manipulados pela comunicação social.
Não sei se o que se diz é verdade, acredito que para os lados da Lusófona possa existir alguma coisa que toque ali no conceito de seita, mas, verdade seja dita, diretamente, não me diz respeito. Agora por uns, pagamos todos, mas também o que é que é a nossa 'paga' comparada com o sofrimento daqueles pais que querem uma resposta e que ninguém a dá?
Seja como for, talvez seja importante percebermos que se eu, trajada ou não, sou a mesma pessoa, com os mesmos princípios e valores, e não é por ter uma capa às costas que me transformo na pior pessoa do mundo (é chato, mas isto ainda não é Hogwarts). Por isso, se me respeitam quando estou com um vestidinho e um ar de menina de coro, porque é que não me respeitam quando trajo?! 

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