quinta-feira, 20 de março de 2014

Manifestações de Amor

Ontem mal tive tempo de ir ao facebook, vi as notificações mais importantes no telefone e nada mais. Hoje, com mais calma, lá fui ver, por alto as últimas novidades. Sem grande coisa de interesse, o que predominavam eram as mensagens do dia do pai.
Acho que temos uma grande necessidade de expressar tudo aquilo que vivemos e sentimos nas redes sociais, é quase como um bocadinho confirmar, perante os outros, que algo se está a passar connosco. Parece que, se colocarmos determinada informação no facebook, ela ganha outra realidade, é mais palpável. Dizemos que estamos numa relação, no facebook, para confirmarmos que, efetivamente, estamos numa relação. Dizemos, no facebook, que estamos a estudar para pensarmos que, efetivamente, o estamos a fazer e, já que publicamos imagens de livros, então que estudemos mesmo alguma coisa. Então e... quando chegamos às manifestações de amor.
Talvez a lógica não seja a mesma.
Muitas das declarações de amor virtuais, não chegam aos destinatários. Quantos bisavós deste país vão ver a mensagem de parabéns, na rede social, pelo seu 100º aniversário?! Quantos é que querem saber que, num aparelho parecido ao da televisão, estejam lá umas palavras, ou até uma foto. Será que é isso que o fará mesmo mais feliz.
Acredito que todas estas mensagens sejam sinceras. Da mesma forma que acredito que são bem mais fáceis do que dizer, olhos nos olhos, "gosto de ti".
Esta coisa das palavras, é estranha. Parece que há palavras que não têm assim tanta importância (quantos de nós, aqui há uns três anos, não acabávamos todas as conversas de facebook com um loveyou, ao qual nos respondia ly2?!), mas alguma vez dissemos a esses amigos que os amávamos?! E a que tipo de amigos é que é fácil dizer estas coisas?! Abraçamos todas as pessoas por igual?! Mas, espera lá, será que abraçamos todas as pessoas diferentes de que gostamos de forma igual?! Ou será que abraçamos quem nos abraça ou abraçamos que sabemos que, de seguida, nos abraçará. Talvez não digamos só palavras bonitas àquelas pessoas que não nos vão deixar a pensar no quão pirosos nós fomos?! Parece-me mais que sim. Podemos embarcar neste mar de sensibilidades, mas só se soubermos que estará por alguém pronto a embarcar também.
E os outros?! Os não lamechas. Aqui passa-se quase a mesma coisa. Muito 'eu sei que tu sabes que eu gosto de ti; e tu sabes que eu sei que tu gostas de mim'. E, não será mesmo preciso mais nada. Será que nós não precisaremos desta componente, mais sensível, nem que seja por breves momentos.
Ficam lançadas as questões.