Quanto mais tempo dás, mais tempo tens.
Aqui há dias disseram-me isto e eu fiquei a pensar. Pus-me a olhar para os meus últimos tempos e percebi que talvez seja mesmo verdade. Às vezes, quantas mais coisas fazemos, mais conseguimos fazer (com todo o equilíbrio e sensatez!), mais tempo tempos, melhor dormimos e bons resultados acabam por aparecer.
A primeira vez que me apercebi disto foi quando um amigo me convidou para sair 'Vamos lanchar?' e eu disse 'Não posso, tenho que estudar'. E depois com o 'Só um bocadinho, prometo que é rápido' eu pensei que tinha sido espectacular em conseguir dizer não a uma proposta tão tentadora. Afinal, tinha conseguido uma incrível tarde de estudo pela frente. Conclusão: fiquei em casa, a olhar para as paredes, a pensar 'Se eu tivesse saído, a esta hora também não estava a estudar, por isso, deixa-me lá fazer, pela milésima vez, uma atualização na página do facebook, para ver se há alguma coisa de novo, desde o segundo passado'. Acabei por ver as horas a passar, cheguei à noite sem saber uma definição, não tive grande nota e fiquei com remorsos por não ter ido desanuviar.
Talvez faça mesmo bem arriscar na gestão do tempo, sair, espairecer, não ter receio de ouvir 'a sério que ontem foste para as compras quanto tinhas frequência hoje', ir e ser feliz.
Há já algum tempo percebi que não é aquela grande nota que fica para a vida. São as pessoas, os momentos. E, se de forma equilibrada e sensata, conseguimos embarcar em tantos projetos, porquê ficar com tantos receios só porque as horas passadas a olhar para a janela ver as moscas passar vão reduzir drasticamente?!
Já perdi a conta ao número de vezes que me olharam com desdém e disseram 'De verdade que conseguiste estudar essas coisas todas de madrugada'. Mais ainda ao número de vezes que pensaram 'ela foi jantar fora, dormiu três horas e teve a mesma nota que eu, que passei as duas últimas semanas sem sair de casa'.
A 'última' vez que me fui deitar com a matéria toda sabida, sem o despertador para dali a uns escassos minutos, estranhei tanto conforto. Estranha forma de vida?