Um dia destes, dizia um senhor na paragem do autocarro a um amigo 'o problema é que nós pensamos o mundo dos outros pela nossa cabeça'. Achei isto tão bonito e tão certo, que desde aí que penso nestas palavras.
Nunca fui de julgar as pessoas, há coisas que condeno e que sou contra (tipo touradas, racismo e afins) mas fora isso nunca me achei no direito de comentar se alguém faz bem ou mal por apanhar bebedeiras todos os dias ou por gastar o pouco dinheiro que tem num novo portátil. São opções, cada un sabe de si, Deus sabe de todos.
Mas a maioria das pessoas não funciona assim. Infelizmente, esta grande maioria que ainda vive mais em função dos outros do que da própria vida (eu também tive uma altura em que me preocupava mais com o que lia nas revistas do que com aquilo que estava ao meu redor, entretanto já me apercebi que era por ter uma vida pouco preenchida) e por isso acha que pode opinar sobre tudo.
A verdade, verdadinha, é que nós não sabemos o que vai na cabeça dos outros nem fazemos ideia daquilo que se passa em quatro paredes. Não temos a mínima noção dos seus problemas, dos seus objetivos ou do que vai fazer até atingir uma felicidade plena.
O mesmo se passa quando nos metemos na vida dos amigos. Sabem aquela amiga que tem um namorado que só lhe dá dores de cabeça mas que, no meio de tanta mazela, ela só é feliz quando está com ele?! Todos, ou quase todos, conhecemos alguém assim. Mas o que é que nós, amigos, podemos dizer ou fazer?! Pessoalmente, acho que nada de nada, só mesmo apoiar. Se fosse eu, não gostava de ter uma grande amiga a dizer-me 'não desistas, só com ele é que és feliz' nem outra 'deixa-te de ser parva, que nunca vais ser feliz com ele', preferia assim só alguém que me apoiasse, que comemorasse comigo se corresse bem, ou que chorasse comigo se corresse menos bem. Porque é isso mesmo, aquilo que vai na minha cabeça, que resulta das minhas experiências e ideologias, só eu é que sei. E, já dizia a música 'não sou melhor nem igual que tu, sou apenas diferente'.