quinta-feira, 4 de julho de 2013

Colegas de Casa

Sempre achei que há pessoas com uma dose de loucura não assumida, talvez porque aceitem essa loucura por necessidade. Estou a falar, claro está, das pessoas que começam a partilhar casa com pessoas que nunca viram antes nas suas vidas.
Os estudantes são um bom exemplo disso, vão (vamos) estudar para outro sítio, precisam de um sítio para dormir, alugam o quatro e começam a partilhar o frigorífico com desconhecidos, pessoas de quem não sabem nada, que tanto podem ser as melhores ou as piores pessoas do mundo. Da mesma forma que estes novos conhecidos podem tornar-se desde os melhores amigos às pessoas que se quer ver nunca mais (da mesma forma que podem não passar do simples estatuto de meros colegas de casa).
E será por isso que esta questão às vezes é banalizada. Ir viver com amigos é um sonho para muitos, porque se há tantas mudanças em determinadas fases, o conforto de chegar a casa e ter lá alguém que sabe aquilo que estamos a sentir, dá um jeitão. Mas, e no caso dos casais? Porque é que há tanto medo em dar este paço, ou, noutros casos, porque é que a coisa acontece de forma tão precipitada.
Havendo a resposta clara de que cada caso é um caso, também é verdade que isto se dá por estar um interesse, que vai para além das questões amorosas, presente.
Se pensarmos num casal de pessoas jovens que vivem a dois quarteirões uma da outra e que nem sequer vão mudar de cidade, talvez o viver junto seja um marco importante, algo que demore tanto tempo a chegar, mas que só se faça quando há a certeza de que já uma certa maturidade para fazer isso. Mas e se esse casal for morar para fora e para o mesmo sítio? Ainda juntam-se porque dá jeito, porque mesmo que não estejam preparados, há essa necessidade. E isto tem influências? Não faço ideia, um dia talvez voltemos ao assunto.
Já nas amizades há vários casos: amigos que vivem juntos, a coisa corre bem e continua tudo como antes; os que percebem que têm à sua frente uma joia de pessoa e a coisa ainda corre melhor; os que compreender que afinal estiveram errados e que é melhor cada um seguir com as suas vidas; os que afinal não eram assim tão amigos, encontram-se ao pequeno almoço e na fila de espera da casa de banho.
Nos desconhecidos podemos ter o caso de se viver com um psicopata (o que é que querem, ver o Psycho e o Bates Motel já me faz desconfiar de muito boa coisa), podemos viver com uma pessoa que se está a tornar um grande amigo (também há quem arranje namorados, ainda que seja mais raro), pode ser indiferente ou detestável. Como em tudo na vida, é preciso o factor sorte.
Mas a verdade é que, seja lá de que maneira for, a viver com namorados, amigos ou desconhecidos, sair da nossa zona de conforto, da nossa almofada e do jantar na mesa todos os dias às oito horas, é uma experiência que faz crescer (muito ou pouco) e sempre é mais uma história para contar.