domingo, 2 de setembro de 2012

O conformismo dos alunos


Aqui há dias houve uma manifestação a propósito do facilistismo que é dado aos alunos do ensino recorrente. Eu passo a explicar. Quando um aluno que está no ensino secundário, na via normal (vá, na não profissional) pode ter uns pequenos contratempos e deixar disciplinas por fazer. Se há quem as repita (e sim, com força de vontade no ano seguinte lá conseguem entrar para a universidade) também há aqueles que optam por ir para o externato. Aqui pagam as disciplinas que têm, ficam com elas feitas e com boas notas e depois estão prontinhos para concorrer para a universidade. Claro que quem anda no ensino regular não gosta (eu, pelo menos, não) e acha que é uma injustiça. Bem me tento conformar de que aquilo no Curriculum deixa-os logo a perder, mas eles ocupam o lugar numa universidade de outra pessoa que merecia muito mais. Custa-me um bocadinho ser assim "fria" porque tenho amigos que vão para o externato, mas eles sabem que não há isso justo quando falamos num concurso nacional.
Ao que parece, o sô ministro da educação, Nuno Crato, apoia esta causa. Que já se sabe que o homem não gosta cá de facilistismos. Estes alunos que foram à manifesação dizem que ele está do seu lado.
O que me atormentou nesta manif foi ver que não lhe deram protagonismo nenhum. Eu só soube dele depois de acontecer e acho muito estranho. Há facebook, há muitas redes sociais e era fácil passar esta mensagem. Pessoalmente, acho mesmo que esta era uma manifestação com pernas para andar, porque tem um bom motivo, porque é possível arranjar muitos argumentos para puxar a brasa à nossa sardinha.
O grande problema é que todos os anos se inventam manifestações, então por altura do dia do estudante -24 de Março, acho - é para esquecer. Mas estas manifestações são mal preparadas, não têm grande ponto de discussão. Pede-se para haver Educação Sexual nas escolas quando isso já existe há três anos, pede-se para se tirarem os exames, quando todos nós sabemos que precisamos de um factor de comparação extra escola. Não há realmente um tópico que tenha um fundamento que leve alguma manif avante.
E depois caem na descrença, como é claro. E a maioria dos alunos conforma-se, porque não quer saber. porque não lhe dá jeito falar sobre isso ou porque, e é ainda mais triste, não consegue argumentar, debater.
Durante o meu secundário, fiz um ou dois debates, e lembro-me de estarem lá pessoas que não sabiam dizer nada, que era cada tiro cada melro, que se contradiziam à velocidade da luz. E isto deve-se a quê? Acho que mais do que falta de preparação, deve-se ao facto de ninguém pensar mais cedo que é importante introduzir a retórica aos alunos, de ver que os alunos que saem dali, um dia vão a entrevistas de emprego, vão lutar pelos seus direitos, vão passar por uma série de ocasiões onde precisam de saber argumentar.
Até lá, temos este conformismo que me assusta... e muito. É hora de toda a gente ser capaz de ter algo para dizer.

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