Dou por mim a pensar em como era eu há três anos atrás. Mais pirosa, mais parva, mais panhonha... Sei lá, acho que estou muito melhor agora. Aliás, tenho a certeza. Mas afinal, o que mudou?
Fisicamente, acho que não mudei praticamente nada. Tenho o mesmo peso, a mesma altura, o cabelo deve estar mais ou menos do mesmo tamanho (também depende das alturas), não fiz piercings nem tatuagens nem me transformeis numa punk ou numa gótica.
Mas a par disto, muita coisa mudou em mim. Talvez ainda não tenha o distanciamento necessário do secundário para fazer esta introspecção, mas vamos lá tentar.
Há três anos atrás sabia muito menos desta vida. Nunca tinha tido uma mudança drástica de escola, de turma, de horários, achava que o secundário iam ser os piores três anos da minha vida e que nunca me ia conseguir habituar ao facto de estar onze horas fora de casa, ter de estudar, fazer trabalhos e manter-me numa área lixada sem fracassar. Talvez por isso tenha estado quase a desistir, já vos falei disso.
Mas tudo isto me fez ter um graaaande orgulho dos hábitos que consegui adquirir. Fogo, eu no básico dormia oito horas e meia - sim, oito e meia por dia - na véspera dos testes (que era só quando estudava) às sete já tinha tudo despachado e ia meia hora antes para a escola para meter a conversa em dia sempre sem pressas. Depois passei a dormir umas seis, sete horas (em dias de sorte, porque testes de Matemática - semana sim, semana não - faziam com que as horas de sono fossem drasticamente reduzidas), deixei de ter horas para almoçar (quando almoçava) e tudo de manhã era feito a correr, nem sei como é que conseguia secar sempre o cabelo (antes sem comer do que com cabelo molhado na escola).
Mais... acho que não sou tão parvinha. Conheci gente completamente maluca, que passou uma viagem de finalistas a drogar-se, que por capricho vá de se entreter e no dia a seguir foi a correr comprar a pílula do dia seguinte e em vez de os achar insconscientes, não consigo julgá-los com imparcialidade porque quero lá saber do que fizeram, são meus amigos. Conheci gente drogada mas que era tão ingénuos, tão inocentes. Conheci gente que se fazia passar por perfeição e depois era uma desgraça. Conheci gente sem princípios. E conheci gente que se tornaram a minha gente, que são pessoas que gosto mesmo muito e que me fizeram passar muitos momentos.
Todo este conhecer de gentes fez-me reflectir sobre muita coisa, fez-me escrever muitas história e fez-me ver que aqueles episódios fantásticos não se passavam só nos Morangos com Açúcar (nas três primeiras séries, que as outras foram todas foleiras).
Acho que agora sou mais tolerante, mas perspicaz, mais completa. Mas neste momento sou acima de tudo uma pessoa cheia de saudades do meu secundário, das aulas (oh vida, então as primeiras que tive no 10ºano, onde jurava a pés juntos que nunca ia decorar o nome de tanta gente), das pessoas, de tudo tudo tudo.
Enfim, há três anos, achava mesmo que ia para lá só fazer o secundário, não ia fazer amigos, ia aproveitar mas era para estudar, manter as amizades que já tinha e não queria saber dos meus novos colegas. Deve ter sido por isso que quando fui fazer a matrícula cheguei a casa e me meti a chorar e a tentar enfardar bolachas belgas de chocolate branco (hmmm... há tanto tempo que não como belgas). Agora saí de lá a chorar, a agarrar-me a toda a gente que apanhava e a ver jeitos de me agarrar até à funcionário antipática e mal cheirosa (coitada, vou ter saudades do seu feitiozinho).
Ainda tenho a blusa que usei quando fui fazer a matrícula...
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