Certamente, já deram por vocês no youtube a ver as respostas mais estúpidas dos concorrentes que vão aos programas de televisão. Então do Quem Quer Ser Milionário há um festival delas.
Mas acho isto preocupante, ontem, por exemplo, no programa do Malato que dá à noite na RTP perguntaram a um boy que estuda Ciências do Desporto (e que quer ser professore de Educação Física) o seguinte:
Com quem foi casada a Rainha Santa Isabel?
(a primeira a quem saiu a pergunta passou-a porque, segundo ela "não sei porque não fui convidada para o casamento e não apareceu na Caras" -safa pelo momento de humor?... hmmm, não me parece).
Mas voltando ao futuro professor que tinha como opções:
A) D. Afonso Henriques
B) D. Dinis
C) D. Duarte.
O dito não sabia, e respondeu D. Afonso Henriques. What?? Sim, claro o primeiro rei de Portugal foi mesmo casado com ela, aliás, a histórias dos milagres foi em conjunto com a mãe do senhor com quem ele tinha uma óptima relação. Aqui para nós, parece que o pão que deu aos pobres foi ali na zona de Elvas e os espertos dos de Badajoz aproveitaram.
Opah, a sério que isto me deixa preocupada. Eu compreendo que há muito boa gente que não vai com História, tudo bem. Se apanhar um documentário na televisão sobre a importância da energia quântica para a vida actual talvez também não pare ver, mas fogo, isto é cultura geral, é a história do nosso país. São anos e anos a levar com o Milagre das Rosas, com o Pinhal de Leiria, com tudo mais.
Mas também me atormenta outro facto, será que ele sabia quem era o D. Afonso Henriques? E daqui a uns anos, quando for professor de Educação Física, mas for dar uma aula de substituição. Ora imagine-se que o senhor está a dar uma ficha às crianças e vá de eles começarem uma discussão sobre o Milagre das Rosas (o mais certo é discutirem que equipa vão representat no PES, mas ainda tenho esperança que se invista na cultura dos pequenos em vez de lhe darem Magalhães quando ainda não leram o Capuchinho Vermelho). O que é que este professor vai dizer? "Olha, amigo, depois o D. Afonso Henriques apareceu lá e disse - Oh fofinho, então só dás pão aos pobres? Estive ali a fazer uma marmelada que está uma delícia-". Mas pronto, meninos, agora que já sabem da história, como é que vai essa resistência, já se aguentam a fazer cinquenta flexões?".
Isto choca-me, e depois ainda me enerva mais aquele tipo de pessoa que insiste em dizer que tem uma vida difícil, que tem que estar a esfregas panelas e que a cultura é coisa de gente rica. Não, não é. Aliás, e muito mais barato ir a uma feira do livro onde normalmente os livros são mais baratos do que ir à worten e comprar um novo jogo para a playstation. E enquanto se reflecte sobre a vida do vizinho, que não nos atormenta a nossa, pode perfeitamente pegar-se num livrinho e começar a ler (ainda existem bibliotecas, não é verdade?)
É por isso que nós estamos assim, porque a maioria das pessoas limita-se a criticar sem saber o que está a ser feito (aqui há uns dias, no Você na TV, fizeram um voxpop e contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que sabiam as medidas de austeridade).
E toda esta lenga-lenga começou num texto sobre uma pergunta de televisão mas que mostra o estado da cultura dos portugueses.
Tenho esperanças que melhore...
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