Antes de mais, espero que a vossa Segunda sem o meu querido coutdown tenha corrido muito bem. Já não me lembro do que estava a fazer exactamente, mas oscilaria entre dormir, estar a afogar-me em chocapic ou ver desenhos animados.
Agora vamos às responsabilidades, às dois mais novos. Fala-se muito que a criançada, agora, tem excesso de protecção. Uma, que se percebe. As coisas estão mais perigosas, os miúdos já não podem brincar na rua, os pais já não têm tempo para os ir buscar às cinco da tarde, já não há tantos avós, tios, vizinhos que possam ficar e lá têm que os entreter em apoios e, quando chegam a casa, vão para a frente da televisão, embutir-se em bolachas e mais nada.
Depois vêm os dramas. As notas. Os miúdos que têm tudo - livros e internet até mais não para fazerem trabalhos - mas que, ainda assim, não há meio de terem bons resultados.
E aqui entram muitas questões. Ora, eu que em pequena era uma aluna prodigiosa, sempre tive hábitos que estavam longe de ser rígidos, mas que faziam ter as minhas responsabilidades. Chegava a casa, lanchava, fazia os trabalhos de casa e, depois tinha o resto da tarde para fazer tudo o que queria. É certo que na altura não tínhamos tempos extra-curriculares, só me lembro da catequese, mas nunca tinha aquela coisa de deixar o tpc's para quando estava a morrer de sono.
Entretanto, au revoir básico, e continuei a ter boas notas. Não, não estudava todos os dias. Acho que durante todo o básico, menos de duas horas de véspera, e conseguia-se um brilharete nos testes. E tinha tanto tempo livre. Fazia tudo, via todos os desenhos animados, socializava, lia os meus livros, escrevia nos meus diários, jantava sem pressas, dormia várias horas e nunca tive más notas.
E não era só por aqui que as responsabilidades se ficavam. Quando recebi a minha primeira chave de casa, foi tão emocionante como quando fiquei em primeiro lugar nas olímpiadas. Era a minha chave, tinha que cuidar dela, certificar-me de hora a hora que não a tinha perdido, que não ficava perdida em qualquer lugar. E isto, hoje, os pequenos já não têm. Já não querem saber de nada, não têm amor a nada, parecem que têm cinco anos e, afinal, já têm mais dez em cima.
Não sei de quem é a culpa, não sei até que ponto isto já é conversa de velha, mas não me revejo nos putos de hoje, não acho normal que, alguém que está a acabar o básico, não possa ter responsabilidade, sequer, para levar uma chave de casa, não tenha consciência de que, ter cinco negativas numa pauta não é normal, não perceber que há tempo para tudo e que, se não adquirirem hábitos e aproveitarem agora a ÚNICA altura onde se estuda meia hora e se têm notões nunca mais o poderão conseguir.
Ai, crianças de hoje, ganhem juízo.