Dizem que a D. Dolores nunca morreu de amores pela Irina. Dizem que o Cris queria uma mulher que estivesse lá sempre. Dizem.
Assim de repente, e numa generalização ao mais alto nível, quase que apetece dizer que, tanto a mãe como o filho, estavam mais virados para uma Irina dona de casa, que fizesse feijoada para o almoço e bacalhau com espinafres para o jantar. Não sei se é assim, se não, mas isso agora também não interessa nada.
O Cris é um menino da mamã, mas como ele há muitos.
Ser menino da mamã pode ser uma grande qualidade. Ou então uma chatice das grandes.
Na parte da grande qualidade, temos aqueles com relações bonitas com as mães, mas sem grande dependências (tenho cinquenta anos mas não saio de casa sem me dizeres se visto a camisa branca com riscas pretas ou branca com riscas cinzentas) e também não como outras empadinhas de frango que não as tuas. Enfim, nada como uma relação saudável entre pais e filhos.
Por outro lado, temos as célebres chatices relações que causam grandes aborrecimentos às Irinas deste mundo. Ou às não-Irinas deste mundo. Os que procuram numa mulher aquilo que a mãe é para eles, a verdadeira moça prendada que está ali a fazer o jantar, que é mais que aceite pela mãe e que compreende que nunca coserá os botões de punho com tanta mestria como a progenitora.
E são esses meninos da mamã que assustam. Aqueles hiper dependentes, com os quais esperamos não nos cruzar (não vá ao fim do segundo jantar - onde estão mais vinte pessoas que, por acaso, também poderiam ser chamadas de amigos em comum - corrermos o risco de sermos avaliadas pela mummy).
Não encontro gente assim todos os dias, é certo. Mas já me cruzei. E achei assustador.
Aliás, sempre achei assustador esta mania de se querer transferir uma relação de uma pessoa para a outra, estilo 'se és as minha atual, então vou fazer contigo tudo o que fazia com a minha ex, sem mais, nem menos, e nada de variar restaurantes ou o dia do cinema'. O mesmo se passa neste transfer de relação com a mãe para a relação com a namorada - muito pouco saudável.
Acreditem, é bem mais divertido adaptarmos as relações às pessoas do que as pessoas às relações. Ou não?