O tempo passa a voar. Chegamos à faculdade e damo-nos conta que, quando nós fazemos dezoito anos e ouvimos 'a partir de agora é que isto vai passar a correr' tem um fundo de verdade.
De um momento para o outro, deixaremos de ser os putos protegidos pelos pais, que não sabem preencher uma declaração de IRS e que, quando derem por si, estarão na fila do Pingo Doce com a lista das compras da semana. Assustador.
Aí começam os empregos, as responsabilidades. Há dias, uma senhora comentava comigo que tinha saudades dos tempos da faculdade e que, apesar de gostar daquilo que fazia, agora se lhe apetecesse faltar já não podia ser bem assim. Talvez não seja só por isso que os alunos universitários, neste ponto (e só neste ponto) tenham uma vida mais descontraída, mas isso são conversas para outros Carnavais.
E esta história toda porquê? Estava a ler um artigo onde se falava das dificuldades sentidas pelas pessoas que querem apostar numa carreira científica, querem ser investigadores e trazer algo de novo. Ah e tal, somos todos empreendedores, reconhecemos bons projetos mas... e o dinheiro. Há ideias, que as há, e muitas, há muito boa vontade e entusiasmo de sobra, mas não há dinheiro, não há investidores, não há quem arrisque em dar uns bons milhares a uma causa que não está, logo de início, ganha.
Por isso mesmo, sem este apoio monetário, as pessoas acabam por ir trabalhar. E é aqui que queria chegar: o primeiro emprego.
É comum, quando alguém está na universidade, depois de acabar o curso, já tenha alguma experiência profissional. Seja nos estágios que muitos dos cursos têm, a vender bolas de berlim na praia ou a fazer voluntariados dentro da área de formação. É bom, dá para encher currículo (em maré de sorte, dá para encher a conta ao de leve) e quase que nos faz acreditar que já temos experiência profissional. Quase.
Também eu já fiz algumas destas coisas mas... é suposto sentir-me preparada quando me falam em entrar no mercado de trabalho? Não, nada disso.
Recibos verdes, contratos? Ninguém se voluntaria para ir às faculdades dar um workshop sobre isto?! Entre às nove, sair às cinco, fazer todos os dias o mesmo, muitos anos, ter sempre as mesmas caras, ir todos os dias à mesma máquina do café, chegar a casa e ver as novelas da TVI e ao fim de semana ir à praia e ao centro comercial? E eu que tenho um receio de criar uma rotina que é uma coisa parva e de até nem gostar de mudanças (até porque elas teimam em acontecer quando estava tudo mesmo bem - será aquela teoria de sair quando as pessoas sentem falta e não quando já não dão pelo adeus?). Meu Deus!
Não estou preparada para isso, acho que muita gente não está preparada para isso. Não será, sociólogos, que daí poderá vir a mania de acharmos que temos que ter mestrados e douturamentos e adiarmos isto tudo até lá para os quarenta? Ou será só mais uma nuance do síndrome de Peter Pan que, mais tarde, ou mais cedo, vai acabar por passar.
Afinal, haverá idade para ter o primeiro emprego, idade certa? Ou somos nós que estamos tão mal habituados e que nos esquecemos de quantas e quantas pessoas não começaram a trabalhar ainda mal sabiam falar?
A faculdade só forma alunos, nada mais.
ResponderEliminaré mais uma nuance do síndrome de Peter Pan que, mais tarde, ou mais cedo, vai acabar por passar.
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