domingo, 2 de março de 2014

A Faculdade é (só) uma Experiência

Este é daqueles textos que vai ferir susceptibilidades.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... já dizia o poeta! Mas se é com alguma facilidade que as pessoas embarcam em determinadas mudanças, a verdade é que mudar formas de estar e pensar não é pêra doce. 
A universidade. Se pensarmos um bocadinho na história desta academia, não é preciso recuar muitos anos para chegar ao tempo em que só 'os filhos dos doutores' estudavam. Muitos de nós, inclusive, ainda são capazes de apanhar professores que falam desse tempo, professores que viveram esse tempo. Agora, felizmente, já não é assim. Ir para a faculdade tem os seus (muitos) custos, mas já não é tão limitativo. O problema agora é outro. Temos um país de doutores, não interesse que sejam, ou não, qualificados, mas o que se quer é um país de doutores: enchem-se cabeças (ou papéis das cábulas) para um exame, repete-se a graça durante três anos e está-se licenciado. E depois?! Ai, não precisamos de sim, com o seu diploma temos cá muitos. Ou então não precisamos porque não tem um douturamento. Ou ainda não faz falta porque temos ali um miúdo que mal acabou o 12º veio logo para aqui e, convenhamos, para servir Happy Meal não é preciso ser detentor de um certificado de grau 3 num software informático.
Tudo isto para dizer que, na maioria dos casos, um curso académico não serve para nada. Pelo menos de forma linear, por aquele conhecimento igual em cinquenta pessoas (lembro-me tão bem de escrever sobre isso aqui) não se destacar no mercado de trabalho. Mas, nada de frustrações, amigos. Eu sei, eu sei. Foram ali uns tempos difíceis, a lidar com fracassos, a cortar nas horas de sono, a adiar encontros com a família e com os amigos para agora ninguém arranjar um espacinho para vocês em tantas empresas da vossa área. Temos é que ver as coisas de outra perspetiva.
A par de todos os pontos referidos, onde ficam os bons momentos que viveram durante os vossos tempos de estudante?! Não recordam, agora com saudade, os calhamaços que liam, os professores, a faculdade e a mesa de anatomia?! Sim, eu sei que sim. Mesmo eu, que ainda lá estou, já penso naquela saudade que vai ficar quando já não houver todas as maratonas de estudo. Fica a experiência, sem dúvida. Principalmente para quem sai de casa dos pais (todos deviam passar por isto), ganha uma nova liberdade, uma nova forma de vida. Mas para os outros também. Porque percebem os seus limites, porque conhecem-se melhor, conhecem melhor o colega do lado, apercebem-se que poucas conquistas nesta vida não têm ninguém ao lado e notam que toda aquela variedade de pessoas que, há uns anos era coisa de filme, agora tem o seu fundo de realidade.
Não sei como vai ser a minha vida quando os meus tempos de estudante acabarem. Nem quero pensar em tal dia. Mas, independentemente do que aconteça a seguir, espero nunca me esquecer, mesmo se o percurso não for o mais fácil, mesmo sabendo o peso das propinas e de todas as questões associadas, que a experiência da universidade nunca deixará de ser isto mesmo, uma experiência, com a qual já tanto cresci, evolui e aprendi. E, aqui para nós que ninguém nos ouve (na verdade, só lê) eu até gosto um bocadinho de andar sempre entre cá e lá e das chatas maratonas de estudo. Vão-me dizer que vocês não?!