Quando se vai para a faculdade e isso implica sair das nossas casas, há uma coisa que acontece a todos mas que demora tempo a ser percebida: o efeito casulo.
Basicamente, o que se passa é que ficamos tão absorvidos pela vida académica e tudo o que ela implica que nos esquecemos que fora desse casulo há vida.
Nos últimos tempos, saio de casa de noite e chego à noite, só vejo a luz do dia através das janelas da faculdade e as pessoas a quem devia mandar uma mensagem, nem que fosse para dizer um olázinho, passam para segundo plano. São os trabalhos, as maratonas de estudo, são os cafézinhos e as compras com as pessoas da turma, os colegas de cursos, os companheiros de faculdade... porque é mais prático, porque podemos fazer as mesmas coisas, nos mesmos dias, às mesmas horas, porque basta dizer 'vamos passear' sem planos, nem vinte mensagens a combinar.
Apercebi-me disto hoje, quando estava a almoçar com uma amiga minha de há mais tempo e ela me disse que não estávamos juntas desde as férias. Fiquei parva. Pensei que tinha estado com ela há umas semanas e, afinal, já passou um semestre, já se foram três meses. As coisas andam a passar demasiado depressa e, quando se anda com tanta coisa agendada, é difícil ter tempo para tudo e, ainda mais complicada, ter noção desse tempo.
As coisas boas disto: conhecem-se novas pessoas, apercebemo-nos da importância que as pessoas que não são do nosso sangue têm na nossa vida, temos relações diferentes do que já tínhamos tido, vivemos coisas diferentes com as pessoas. E quando se fala de vida académica, também é isto. É o viver-se num mundo afastado de todos os outros e levar com as coisas boas e menos boas.
E quais são essas coisas menos boas?! Há relações que se perdem e não é difícil isto acontecer. Cabe a ambos os lados interessados fazer alguma coisa para que todas as ligações não sejam descuradas, ter dores de cabeça com isso, cortar nas horas de sono e sair da cama para ir beber café quando a maior vontade era ficar a ver o Goucha.
Ainda não sei se gosto mesmo, mesmo, mesmo deste casulo, mas que gosto mais dele do que há um ano, isso é mais que certo. Talvez gostemos mais das coisas quando as começamos a perceber. Talvez.
Agora é tempo de ler uns jornais, dizer 'hello' ao resto do mundo para depois voltar a hibernar para os exames.