Há coisa de um ano atrás escrevia eu um texto com, precisamente, este título. Este ano não sou eu a candidatar-me, filo há um ano atrás e não acho que seja experiência para repetir, mas vamos por partes.
Não é das melhores experiências da vida, é certo. Preencher a candidatura é giro e tal, mas depois passa-se o Verão inteiro a pensar no que pode acontecer daqui a uns meses, se as opções tomadas foram as correctas e blá, blá, blá, até ao dia em que saem os resultados, onde vamos de cinco em cinco segundos ao mail e à página da Dges, onde temos milhentas pessoas a perguntar 'então, já sabes alguma coisa?', onde temos amigos ainda mais nervosos que nós que nos deixam em estado de pânico absoluto, onde estamos com um portátil ao colo a queimar as pernas, mas que continua depois de se saber o resultado, porque precisamos de ver as datas de matrículas, os documentos precisos, o site do olx para arranjar casa, saber quem fica perto de nós, informar o primo do primo que pode levar a mal não ser informado de notícia tão relevante, espetar um estado no facebook para comunicar ao professor da primária que se enche de orgulho e dar os parabéns ao colega irritante lá da escola que desde o primeiro dia em que as candidaturas foram abertas, andava numa enervante contagem decrescente. Para muita gente isto pode ser lindo, mas para mim não. É algo a evitar, assim como tirar sangue com enfermeiros incompetentes que não sabem achar uma veia.
Agora vejo pessoas nesta mesma situação, claro que a melhor coisa que se pode fazer é oferecer ajuda, tentar clarificar dúvidas e não instalar este estado de pânico. Também convém não informar que vão deixar de ter aqueles professores queridos e fofinhos, datas de testes alteradas para não calhar na mesma altura e cama, comida e roupa lavada com a mesma regularidade. Ficamos só pela alegria que são as praxes, rebolar no chão e encher mais que num teste do fitness gram.
Outra das coisas a evitar é contar assim logo à partida que há 'amigos' que se vão embora mais depressa o Milka de Morango que por esta altura habita no frigorífico, que aquela coisa do 'ai, que giro, estamos todos tão perto uns dos outros, vamo-nos encontrar todos e um montão de vezes' é uma mentira... e das grandes, que as mensagens não vão ser ora assim tão regulares e que aniversários esquecidos vão ser mais habituais que calinadas no português vindas da Fanny. Mas fiquemo-nos pea loucura do espírito académico, pelas festas diárias e pelo não fazer nada (piada, piada, piada, piada, piada).
Bom, agora que estamos numa maré de sinceridade, vou meter as cartas todas na mesa. Aproveitaram bem as férias do Natal? Pois, se a resposta foi não, arrependam-se amargamente. Até três dias antes do Natal, vão estar afogados em matéria para estudar, vão chegar a casa e perceber que aquela semana gira (que não é a semana irritante entre o Natal e o Ano Novo) onde se via o Sozinho em Casa e a publicidade dos Nenucos desaparece e, pior, as férias vão ter uma assombração 'a época de exames aproxima-se'. E se estão a pensar que no secundário quem veio de Ciências está mais que habituado a ter mi coisas para fazer... bom, eu também pensava assim, até que dei por mim, carregada de cafeína, quase a adormecer numa aula (o que não me aconteceu nem antes de um intermédio de Matemática, onde andava a dormir, durante uma semana, cinco, seis horas por dia) e a pensar 'agora sim, conheço o verdadeiro significado da palavra cansaço'.
Mas como em tudo na vida há um lado positivo, por exemplo, daqui a um ano, vão estar livres dessa coisa horrível chamada 'candidatura ao ensino superior', vão perceber que os bons amigos ficam, os outros largueza, que foram tempo perdido e, quem sabe, até comecem a conhecer pessoas que, afinal, até merecem um bocadinho de nós.