Ando entretida a ver o Bates Motel (já há imenso tempo que o queria ver, mas não tinha tempo) que é uma série baseada no filme Psycho, do grande Hitchcock. Basicamente, o filme, entre outras peripécias, foca-se num complexo de Édipo levado ao extremo (ler Freud!).
E, ao ver a série, que dá para perceber como se forma um psicopata, comecei a pensar que os psicopatas não têm que, necessariamente, nascer e crescer entre assassinos, com uma vende de droga ao lago ou num dos piores guetos do Brasil (aliás, há pessoas nessas condições que são uns amores). Um psicopata não tem que ser uma má pessoa, pode ter uma perturbação que o leva a fazer coisas daquilo que está associada a uma má pessoa, mas por motivos que são alheios à sua vontade.
Mas e se pensarmos na questão ao contrário? Uma má pessoa tem o seu quê de psicopata, mesmo que um psicopata não tem o seu quê de má pessoa?! Eu acho que sim. Quer dizer, não conheço assassinos, nem traficantes de droga (acho eu) e na maioria das vezes acho que esta gente que se refugia no mundo do crime tem sempre um lado bom e humano, que nós, sociedade, preferimos não ver e rotulá-los logo como casos perdidos. Mas também aquelas aparentes boas pessoas que não valem nada e que, essas sim, terão o seu lado de 'psicopata'. Porque não é normal, não é bom, nem é saudável que alguém passe os seus dias a tentar descobrir novas formas de atormentar a vida dos outros, a rogar pragas, a conspirar e inventar coisinhas, só porque há alguém que merece mais a sua atenção do que ele próprio. Isso sim, é anormal. Essas pessoas, que também podem ser chamadas de gente de mal com a vida, têm um lado que não se percebe. São revoltadas porquê? Têm tudo para ser felizes e têm aquela inveja que ultrapassa o limite do saudável porquê? São mesquinhas e levam pormenores ao extremo porquê?!
Será que isto indica que as más pessoas e os psicopatas são tão diferentes e tão iguais e que preferimos mantermo-nos afastados de alguém que trafica droga para meter comida na mesa dos filhos mas depois conseguimos ir jantar a casa de alguém que já inventou oitenta esquemas para partirmos uma perna?! E porquê?! Porque continuamos a viver no 'faz de conta' e no parece bem', porque nos preocupamos mais com aquilo que a nossa imagem possa passar do que com aquilo que realmente somos felizes.
Quantos de nós, teremos, afinal, um psicopata sentado ao nosso lado na recolha de fundos para uma acção social e quantos de nós mudam para o outro lado da estrada, quando passa uma boa pessoa, mas que decidiu ter um cabelo verde, um piercing na testa e trinta e duas tatuagens a cobrir-lhe todo o braço?! Não digo que sejamos todos, mas a maioria, disso sei que sim.