Fala-se muito dos amores e desamores na adolescência, não há uma santa série que não tenho todos os melodramas dos secundários (os liceus, ahaha), das faculdades e blá blá blá. E os amigos? Ninguém fala sobre isso? Ninguém diz que esses grandes trambolhos tão depressam nos causam os melhores momentos das nossas vidas como nos tiram horas de sono? Ninguém nos explica que aquele é para sempre, aquele tem prazo de validade? Ninguém diz qual é o período crítico para fazer amizades? Nada, nada, nada.
Posto isto, vamos lá as minhas teorias.
Acho que isto funciona mais ou menos como um filtro de areia. Há alturas na vida em que vem uma grande enchente de gente, mas acabam por só ficar os grãos mais grossos, aqueles que não desaparecem dali num segundo.
E esses, quanto tempo lá ficam? Ora pois bem, isso já vai depender de ambas as partes. Não sei se duram uma vida toda, ou meia década, porque ainda não vivi todos esses anos, sei que há amizades que podem durar mais do que dois, três anos. Mas isso implica esforço, mensagens por meras banalidades, uma preocupação constante, uma tentativa de não descurar os aspectos que fazem a diferença.
E há períodos críticos? Acho que não. Acho que podemos conhecer pessoas que se tornam importantes tanto aos 8, como aos 80. Mas à medida que os anos passam vamos ficando cada vez mais exigentes com as pessoas. Pelo menos, falo por mim. Já não tenho paciência para gente pázinha, que anda cá por ver andar os outros, passiva em relação a tudo, que só sabe falar de um determinado assunto e que por gostar de ver a novela me fala todos os dias da santa novela. Não estou para isso e, acreditem, não é ser má. É porque acho que todos temos fases, e a minha de só me interessar por uma coisa, já passou. As conversas que tenho agora não são as que tinha há três anos atrás e, se fossem as mesmas, era porque algo estava muito errado.
Já agora, e segundas oportunidades? Sim, aqui acredito seriamente que sim. Às vezes funciona como o ciclo de vida do urso polar, a coisa anda assim meio hibernada, passam-se meses sem uma mensagem estúpida que seja, mas depois volta de forma bem intensa.
Mas também há várias variantes de amizades, certo?! Certo. Quer dizer, acho que sim. Dos meus queridos amiguxos que não, não são mais que as mães, que com a idade o lote vai-se tornando cada vez mais selectivo (como, aliás, já deu para constatar há uns parágrafos atrás), mas sinto que tenho relações diferentes com cada um deles. Nem mais próximas, nem menos próximas, mas diferentes.
E perdem-se amigos? Acho que sim, assim da mesma forma que se ganham, acho que também se perdem. Mas é um processo que vai sendo a atirar para o lento, um amigo que é "despromovido" a conhecido, da mesma forma que já ocorrera uma reacção inversa há uns meses atrás.
Complexo? Sim, isto é mesmo complexo. Mas a complexidade das relações humanas cada vez me parece mais fascinante.