domingo, 2 de dezembro de 2012

Aos pais deste país

Tenho vários amigos e conhecidos que. nos últimos tempos, me têm dito que não foram para Humanidades porque os pais não concordavam, que não foram para este ou aquele curso porque os pais achavam que não era um curso à séria, que foram para Humanidades mas os pais sempre olharam essa decisão de lado, porque o outro filho foi para Ciências e isso é que foi bom, isso é que dá futuro.
Pais, calma aí. Nos tempos em que correm, não há empregos certos, não se pode dizer que se tira um curso e temos o mercado de trabalho ali com um lugar à nossa espera, não há nada, mas mesmo nada disso. E depois também uma pessoa tira um curso e não vai fazer isso para o resto da vida.
Alunos, mantenham também a calma, não se sintam mal por não estarem naquilo que realmente achavam que gostavam, vão ver que se há coisa que é possível nesta vida é aprender a gostar das coisas, não é preciso começarem a desesperar ao fim do primeiro período/semestre. Digo isto porque eu também quis mudar de área, andava num melodrama em que berrava todos os dias, tinha todo o apoio do mundo para o fazer, mas acabei por ficar (e já falei disso aqui) e depois tive os melhores anos da minha vida.
De qualquer das formas, é sempre possível evitar estas fases difíceis, eu fui para aquilo que queria e tive apoio para mudar. Mas sei que na maioria dos casos não é assim. E, ainda que os pais queiram o melhor para os filhos, não é o melhor metê-los numa área obrigados. Porque eles vão ficar sempre a pensar no tal "e se os meus pais não me tivessem obrigado" e porque até um dia vos podem culpar de não estarem neste ou naquele sítio.
Outra das coisas que todos nós devíamos reter, é que não se deve ir para nada porque parece bem. Porque, quer queiramos, quer não, a verdade é que todos nós, de forma mais ou menos intensa, regemos a nossa vida com base nas aparências que isso vai dar. E o que é que é melhor? Dizer que se tem um filho (feliz) que é trabalhador da construção civil ou dizer que se tem um filho (infeliz) que é um prestigiado doutor? É uma grande parvoíce termos estas ideias feitas, porque não pessoas mais ou menos importantes na sociedade. Todas fazem falta, de igual forma, ainda que um médico tenho que levar dez anos de anatomia e um empregado das obras uma semana para saber empilhar tijolos.

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