quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

a questão do razoável

Há dias, estava eu numa viagem de autocarro, entretida nas minhas coisas, quando começam a falar duas raparigas pelas quais eu não morro de amores (calma, que não são aquelas que eu ofendo cada vez que as avisto, são só mesmo aquelas que eu acho parolas, um bocado a dar para o parvas, mas simpáticas, até - credo, Catt, que má pessoa, se te interessasse o que elas pensam de ti, é que tu ias ver). Mas continuando, a certa altura começa a conversa:
A: ai, a professora não-sei-das-quantas diz que tem muitas saudades nossas, que temos que nos juntar todos... se calhar era fixe fazermos assim um jantar.
B: pois, era bom assim na semana entre o Natal e a passagem de ano.
(disseram mais umas coisas, aproveitaram para dizer mal de outras pessoas que também tinham ido para a faculdade e que, segundo elas, continuavam deslumbradas)
seguiu-se:
A: já não me encontro com o pessoal há muito tempo.
B: ah, pois, eu também não. Mas é normal, cada um tem as suas vidas, até continuas a gostar das pessoas e a gostar delas, mas não podes estar sempre a falar-lhes. É uma questão de ser razoável. (atenção, é importante referir que era uma conversa sobre amigos)
 
RAZOÁVEL??????? Eu fiquem assim em choque, choque, choque. Bom, segundo o Priberam, razoável é comedido, moderado, por isso acho que isto não é uma questão de ser razoável.
Ora então explicando. Se recorrermos a um excelente exemplo, eu, também tenho amigos em cada sítio diferente, com horários totalmente incompatíveis com os meus e os quais só vejo de tempos a tempos (infelizmente). E, acho que é precisamente por não estarmos fisicamente nos mesmos lugares com a frequência a que estávamos habituados, que é de extrema importância enviar uma mensagem, deixar qualquer coisa no facebook, fazer um telefone. Essas novas modernices que se usam para manter relações.
E, se há coisa que nesta vida não me parece em nada razoável, é viver inteiramente para um curso, ir a casa aos fins-de-semana para estudar para o curso e ver no curso as únicas coisas que se têm na vida. Não me parece normal, nem saudável, que alguém deixa as relações que estabeleceu para trás para voltar a formar umas novas, que são unicamente para trabalhos de grupo.
Talvez eu não seja a pessoa mais razoável deste mundo, talvez não, não sou mesmo, até porque sou meio neurótica (ou então sou a única que tenho juízo por mandar mensagens a uma série de amigos para saber se eles estão vivos e o que andam a fazer da vida), mas a sério que acha que ser razoável e tornar-se anti-social?! Oh amiga, a sério, tu arranja-me um urso de peluche e começa a comunicar com ele. Quando superares esta primeira missão, passamos para um nível mais difícil. Pode ser?!

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