Era tão melhor que as nossas vidas fossem mais fáceis, que tudo corresse como tínhamos pensado, que tivéssemos a certeza absoluta das nossas escolhas e não pensássemos todos os dias em mil e um porquês.
Sou uma pessoa que tem muitas dúvidas, que pensa em demasia nas coisas e isso lixa-me à grande. Não só pelo tempo que perco a pensar nisto, pelas calorias que ganho a comer algo para me entreter, mas porque me deixa baralhada, confusa e sem saber o que fazer. Tenho pena de ser assim, tenho mesmo muita pena. Mas c'est la vie.
Depois tenho sempre aquela coisa, não sei se é bem inveja, de ver que tudo para os outros é mais fácil, que não têm dúvidas, que têm a certeza que estão bem no sítio onde estão e que vão ser muito felizes, que a nova vida é uma maravilha e que não há saudades do que já se foi.
Por outro lado, há também o drama das mudanças e daquilo que se deve manter mas que está constantemente a ser ignorada. Fogo, isto enerva-me mesmo à séria. Há meio ano, tudo jurava a pés juntos que nada ia mudar, que íamos estar juntos milhões e milhões de vezes e que íamos continuar a ser os melhores amigos pela vida fora. Não digo que não o sejamos, mas custa-me ver que não haja grande esforço para manter as relações.
E há ainda o ponto das novas pessoas. Como é que alguém já acha que fez amigos para a vida em três meses, como é que há pessoas que descobriram que, até então, a palavra amigo era uma palavra com significado ignorado. Não sei se digo isto por ter tido o melhor secundário do mundo, por ter conhecido pessoas que me fizeram muito melhor e mais feliz, por serem aquelas pessoas o amigo com quem qualquer pessoa sonha (vá, também não é preciso exagerar, mas são uns fofos e eu gosto muito deles). A verdade é que também a relação que tenho com eles demorou muito a crescer, mas tenho medo de nunca mais na minha vida se possa juntar aquele grupo de pessoas por quem se dá um rim.
São tudo dúvidas, questões e problemas agravadas pelo síndrome de Peter Pan, pelas saudades do tempo sem responsabilidades, pelas férias do Natal em que víamos a árvores crescer de dia para dia, com a única preocupação de saber o que é que estava nos mil e um embrulhos, que eram indicadores de uma das noites mais maravilhosas dos anos. E como agora já nada é assim, já não há o espírito, as tradições, os doces, por mim e um motivos que até podem ser somente o facto de já não ser criança e já não ter a felicidade de desembrulhar uma grande casa de bonecas.
A vida é mesmo difícil, não é?!
Sem comentários:
Enviar um comentário