Ao longo da minha vidinha, não mudei de turma muitas vezes. Mas quando isso aconteceu, duas vezes de forma mais radical, chorei até mais e fiz um drama daqueles, sou perita a sofrer nestas coisas.
Na primeira situação sabia que era inevitável, ia mudar de escola, ia escolher um área e já estava preparada. Como sempre ia como aquele pensamento do género "que se lixe. estou lá para fazer o secundário, não para fazer amigos". Mas depois chega-se a um sítio novo, onde se passa muito tempo e inevitavelmente começamos a fazer novas amizades, algumas delas muito fortes e depois esse secundário que parecia que não ia acabar já se foi. Parece que foi ontem que cheguei a casa a pensar que estava numa turma de anti sociais e que nunca ia saber os nomes deles...
Na segunda situação só mudei de turma, não de escola. Mas a mudança foi muito dura. Amava a minha turma, era assim descontraída, sem aqueles marrões com os ditos notões, só boa gente, E os professores até eram queridos, exigentes e etc e tal, mas gostavam de nós. E depois meteram-me numa turma onde conhecia muito pouca gente (na verdade, já sabia quem era a maioria, fiz investigações à priori, mas não interessa) e também não sabia bem o que podia esperar.
Resultado: algumas das pessoas que já conheciam fiquei a conhecer ainda melhor, como nunca. Éramos poucas da turma anterior e éramos o apoio umas das outras. Estávamos ali para manter aquela união que parecia não existir na turma, éramos o trio que continuava a ser igual a si mesmo. Quanto aos restantes que foram connosco (dois) estavam mais interessados em dar-se a conhecer do que em querer manter algumas tradições da antiga turma, coisas como cooperação e trabalho em equipa.
Com esta mudança, conhecia melhor muitas pessoas, passei coisas boas e más com elas (que poderei falar noutra altura) mas houve essencialmente duas pessoas que me marcaram mais. Isto no fundo porque foram aquelas com quem passei mais tempo e de quem mais me aproximei, a T. e a F.
Ora bem, a T. acabou por me desiludir. Não que tenha feita alguma coisa para isso, mas apercebi-me que é o tipo de pessoa que não é a melhor do mundo. No início começámos a dar-nos melhor porque percebemos que acabávamos por passar o tempo em sítios comuns, até tínhamos alguns dos mesmos interesses e ao fim ao cabo, até conseguíamos ter conversas interessantes, passar boas tardes nas compras e essas coisas. Mas quando me comecei a aperceber que a T. tinha uma mania horrível de tentar ser melhor que os outros, de querer fazer parte dos meninos bonitos da escola, de não se importar de tramar a vida a um amigo só para ficar por cima.. percebi que não fazia já tanta questão de me dar com alguém assim. E isto não é para me fazer de santa, nem nada que se parece, mas se há coisa que acho realmente importante é a solidariedade e a cooperação nesta idade. De qualquer das formas, acho que quando sair do ambiente do secundário vai mudar, até porque longe dos meninos bonitos fica uma pessoa completamente diferente.
A F. foi a surpresa mais agradável deste ano. No início falávamos mais ou menos, coisa normal para quem é da mesma turma. Às vezes lá íamos lanchar e ao ouvir as histórias dela pensava que era completamente estouvada. Mas com o passar do tempo, começámos a falar cada vez, a existir já uma espécie de confidência, de cumplicidade, a almoçarmos três dias por semana, a partilharmos a mesma mesa nas aulas, a fazermos trabalhos, a contar segredos, a passar tardes à procura daquela blusa e com estas pequenas coisas começámos a saber cada vez mais uma da outra e a apercebermo-nos de que, afinal, até nos estávamos a dar muito bem. Por isso é que, ano lectivo acabado, a F. continua a ser uma das pessoas com que mais falo e que espero que continue assim,. Porque acho que nós vamos conhecendo pessoas que vão estar connosco durante muitos e bons anos, porque os amigos não se fazem todos num ano e porque há pessoas que eu gostava que estivessem lá em algum momento do meu futuro, não sei em qual, não gosto de pensar muito nisso, mas em algum será.
E será que com uma nova turma se perdem amizades da turma antiga? Não. Eu sei que sempre fiz melodramas com isso, mas a verdade é que as pessoas que eram realmente importantes para mim, continuam a estar lá, nem eu nem elas fizemos com que alguma coisa se perdesse.
Enfim, agora percebo porque é que a minha tão estimada E. me disse que as mudanças normalmente traziam sempre coisas boas. (obrigada por essas palavras, na altura no meio de tanta choradeira não lhes dei valor, mas depois percebi que tinha razão, obrigada!!).
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