segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Escolher uma área no secundário

"Tens falado de algumas aspectos, dada a tua experiência de aluna. Mas não costumas mostrar grandes indecisões. Tiveste a mesma convicção quando escolheste a área no ensino secundário?".


Mandaram-me um mail com isto e, como já passei por esta escola, achei que não me custava nada responder.

Não costumo falar muito das indecisões porque ultimamente e por enquanto não tenho tido muitas. Lá mais para a frente vou ter, já o sei, mas não vale a pena sofrer por antecipação.
Não tive grandes dúvidas em relação à escolha da área, na altura abdiquei de algumas coisas que gostava, mas era impossível ficar com todas. E depois de certa forma fui influenciada por aquilo que a sociedade no geral pensa sobre as áreas, reconheço isso. Se a oferta de emprego fosse igual em todas e se todas tivessem ao mesmo nível, a escolha até poderia ter sido diferente, mas agora está feita, não vou voltar atrás e não vale a pensa pensar muito sobre isso.
Tive vontade de desistir nas primeiras dificuldades, estive mesmo quase a fazê-lo. Na altura só não aconteceu porque não em apetecia mudar de turma, nem mudar de professores. Foi no final do primeiro período. É a fase mais difícil, pelo menos para mim foi, e digo-o a todas as pessoas que pedem um testemunho enquanto aluna do secundário.
Nessa altura, é quando acaba o fascínio de já termos deixado o ensino básico, quando vemos que não basta estudar o que estudávamos até então e dava para ter grandes notas e quando deixamos de ter tempo para coisas que tanto gostamos.
Entretanto não mudei, faltei um dia à escola, num dia em que até tinha teste (mas sabia que não havia problema em faltar, porque como era na altura da gripe A, vários colegas meus estavam em casa e sempre tinha essa desculpa). Faltei não só por não ter achado que não estava preparada (mas foi uma vez sem exemplo, que são mais que muitas as vezes em que se vai fazer um teste e não se está preparado) mas também faltei porque andava muito nervosa. Todos os dias ao jantar chorava como se não houvesse amanhã, e ouvia sempre o mesmo "se quiseres mudar, podes. Não podes é andar tão nervosa".
Esse dia em que faltei, deve ser o mais importante de todo o meu secundário, porque me fez acalmar, pensar nas coisas e não decidir não desistir porque me estava a deparar com dificuldades que nunca tinha tido.
Se me arrependo? Não, não me arrependo em nada. Digo isto com tanta convicção porque se tivesse mudado não tinha tido a turma maravilhosa que tive (e isso é uma coisa a que dou muita importância), nem tinha conhecido grandes pessoas. Claro que teria uma média mais alta e mais facilidades, mas isso não é tudo. Prefiro ter aquilo que tenho.
E não desisti, isso foi o mais importante, porque sabia que se desistisse ali, possivelmente ia desistir um tempo mais tarde de uma ou outra coisa e tinha muito medo que se tornasse um ciclo vicioso.
Talvez se até então tivesse tido uma ou outra pior nota, não teria sido tão difícil lidar com estas dificuldades, mas as que tive já neste tempo, ensinaram-me muito.



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