domingo, 26 de julho de 2015

Chamam-lhe orgulho

Há dias em que me apetece dar numa de Peter Pan e querer ser criança para sempre. Dias em que nada corre como o esperado, onde apetecia ter amigos cujas únicas preocupações são como desenhar o jogo da macaca no chão da sala, onde os amores não duram mais do que a semana em que se brinca aos casamentos, onde os trabalhos de casa se despacham a uma hora e onde até o primo do primo dá colinho porque dói um dente. 
Nesses dias é que, quando amuávamos, ficávamos à espera que passasse e esquecesse. Alguém podia ter estragado um brinquedo, mas ficar no recreio sem o amiguinho não tinha piada nenhuma.
Esse perdoar fácil e descomplicadamente é esquecido, tantas e tantas vezes. Curiosamente, preferimos ficar à espera que passe, dar numa daquilo a que gostamos de chamar 'tenho o meu orgulho' e ficar umas quantas noites sem dormir por causa das desculpas que não foram pedidas, porque ele é que agiu mal e não eu. E depois cresce a mágoa e o conformismo, e assim se perde o que já foi bom e bonito.
Por sorte, nalgum dia, lá nos estamos a lixar para o orgulho, para o 'não posso sempre ser eu a pedir desculpas' e lá dizemos, calmamente, até com um lado a tocar no doce, e lá vêm as desculpas, a concordância de ambas as partes e o que reconforto do abracinho esmagador que mostra que sim, que está tudo bem. Assim se dorme melhor e, confessemos, assim é bem mais divertido. Para quê esse orgulho teimoso, hein?