À partida, todos nós deveríamos ter um talento. Para cantar, para dançar, para desenhar, para tocar um instrumento, enfim, todo aquele lado mais artístico que é bonito os miúdos terem, para acumularem medalhas lá em casa, mas que só acontece com quatro ou cinco.
Depois, passam-se os anos em que somos prodigiosos só por ter aulas de ballet, vem a tal história da 'seleção natural' e vamos deixando os talentos. Alguns de nós fazem, outros nem por isso. Quem o faz, chega a uma certa altura e pensa 'será que eu não tenho jeito para nada?'. Pois. A verdade é que todos nós temos que dar algum sentido às nossas vidas, mesmo que não tenhamos essa veia artística.
Pior do que isto, só aquela sensação de 'sempre quis isto na vida, mas agora chego aqui e não tenho jeito nenhum'. Tau! Esta é que custa! E agora? O que fazer nesta altura?
Acho, assim muito sinceramente, que, e como em quase tudo na vida, nós somos uma mistura nature x culture. Pronto, uma pessoa que não saiba cantar, talvez nunca terá a voz da Amália. Mas aqui estamos a falar daqueles talentos que são os mais difíceis de ser trabalhos. Para mim, tudo o que esteja ligado à Arte, por mais escolas e cursos que se frequentem, ou nasce connosco, ou não nasce. Claro que depois há todo um trabalho, mas isso é que vai diferenciar uma Amália de uma Suzy (aquela que foi ao festival da canção desafinar - Eu quero ser tua, woh, woh, oh, oh).
Quanto ao resto, vai-se aprendendo. Com experiência, com o mais que precioso contacto com a realidade. Acredito que, um futuro médico, a primeira vez que abre um rim, não deve achar que aquilo é a coisa mais bonita do mundo, que é lindo e cheira muito bem, que está a concretizar o sonho da vida dele. Com o passar do tempo, lá se há-de habituar, perceber que aquilo é um 'mal necessário' para fazer o que gosta e, vai na volta, até começa a ter o tal jeito para aquilo.
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