(se fizeram esta pergunta, tenham muita calma nessa alma, que vamos por partes).
Há muito que tenho amigos gays e isso não é coisa que me apoquente. Ele é gay, eu não gosto de arroz de cabidela (no-jo), somos amigos como sempre fomos e isso não se alterou antes ou depois da revelação.
Entretanto, há sempre aqueles amigos que não têm ora assim toda a confiança do mundo e não conseguem contar, mas, como vos tinha dito ontem, essa é uma das coisas que com mais facilidade descubro. E não me faz confusão. Não vou dizer que não fique surpreendida, é como naquelas alturas em que estamos mesmo à espera de uma coisa mas o facto de a vermos confirmada, surpreende sempre. Mas não é caso para dramas.
Antes de tudo, devem lembrar-se SEMPRE, que amigo é amigo, não é mais nem menos que ninguém pelas escolhas sexuais que faz. Podem não estar muito à vontade no primeira encontro em que ele leva o namorado, podem não saber que conversas ter, como se comportar ou a baguete que pedem para almoçar. São dramas levados ao extremos, mas que no segundo encontro de amigos e namorados já são menores e no terceiro ou no quarto já nem se sentem. Depois tudo é normal, a única (único mesmo) é que o vosso amigo, em vez de namorar com alguém de sexo diferente, namora com alguém do mesmo sexo, mas tudo o resto é igual: os dramas, os desgostos de amor, as inseguranças, os ciúmes ou as traições.
Por outro lado, se são vocês os gays (ou lésbicas, é só porque é mais prático escrever gay) não tenham medo disso, não guardem isso só para vocês, falem com alguém (nem que seja com um desconhecido, num grupo anónimo, alguém que sabe que não vos vai censurar), um amigo livre de preconceitos e que não esteja minimamente preocupado daquilo que vocês gostam.
Quanto às bocas, acredito que essas possam doer. Já estive muitas vezes com amigos gays e senti o desconforto que pode ser ouvir certas coisas. Normalmente, isso vem sempre da parte de pessoas que não só não estão seguras da sua sexualidade, como têm medo de ser rotulados e levar com coisas 'se ele se dá com gays, se calham também é gay'. O mais importante, nestas alturas, para o amigo, é pensar: espera aí, então mas eu vou deixar o meu amigo abandonado por causa de uma data de imbecis que andam ali confusos e para se armarem mandam bocas? Não, claro que não, quando eu precisei foi o meu amigo que lá esteve.
Como tudo nesta vida, é importante não levar a questão muito a sério, pensar que é só mais uma opção de quem gostamos e depois viver com isso com a maior das naturalidades.