Sabem aquelas pessoas que nós achamos que têm uma vida de sonho, têm tudo aquilo que para nós, seria o suficiente para sermos felizes (achamos nós)? E quando nós vemos que essas pessoas não estão felizes com a vida que têm, que gostavam de ter outras coisas que nos são indiferentes, ou que têm aquilo que nós temos mas que nunca valorizámos?
É nestas alturas que me pergunto o que é que é mais inato em nós: a inveja - em modo a galinha do vizinho é melhor do que a minha - ou o inconformismo.
E acho que ambas as coisas fazem parte, não são virtudes nem defeitos, quando em quantidade moderada. Porque há sempre aquela inveja de coisas pequenas, de quem como doces e não engorda, de quem acorda todos os dias com um cabelo maravilhoso, de quem não estuda nadinha e tem média de vinte. E tudo isto está aliado a um inconformismo, nunca estamos bem com aquilo que temos (ou quase nunca), achamos sempre que podemos ter melhores notas, estar mais tonificadas, com menos borbulhas..
No fundo, uma coisa desencadeia a outra. Porque é impossível, todos os dias, acharmo-nos perfeitas, que temos as melhores coisas que podíamos ter. E, é precisamente nestas alturas, que nasce uma pequenina inveja saudável.
Mas não é um caso de ingratidão. O ideal era lembrarmos cada vez que fazemos um melodrama por coisas menores, a sorte que temos por ir à torneira e sair água potável e o quão bom é estar no conforto do lar quando está uma tempestade lá fora.
E o quão difícil é lembrarmo-nos disto todos os dias?
