Ontem, dava por mim a ver a Doce Fugitiva e a pensar "na altura pareceu que demorou tudo tanto tempo a acontecer e agora a história já vai tão avançada" e achei que isto era por achar que agora o tempo passa a correr. Até fazer dez anos, feita parva, achava curioso pensar que era tão pequenina que ainda nem uma década tinha e, agora mais perto da segunda do que da primeira, acho que tudo passou a correr. Lembro-me tão bem do meu quinto ano, de conhecer tantos professores novos, dos primeiros trabalhos (a sério) de grupo, das músicas que cantei nas festas de Natal. E, simultâneamente, parece que foi ontem, mas também parece que já foi há mil anos.
Gostava realmente de perceber esta situação de bipolaridade porque todos passamos, o porquê de não conseguirmos ter uma percepção correcta e igual para todos os momentos, de esta cronologia que é a nossa vida não ser concreta.
Possivelmente, há para aí estudos sobre isso, há toda a história do tempo psicológico e afins, mas o tempo assusta-me, o tempo é assim uma espécie de amigo de todas as horas e o maior inimigo que mais mal me deixa. Esta ideia de algo que consegue ser tão contável (anos, dias, horas) mas que é tão irracional, que não é palpável, que nos descontrola mas que, ao mesmo tempo, nos controla.. ai, é uma das questões a minha vida, definitivamente. E, enquanto houver questões, tudo terá um sentido e uma razão de ser.