segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Os professores são uma classe social de que muita se fala, porque passam a vida a queixar-se. Queixam-se por tudo e mais alguma coisa e depois ainda se admiram quando os alunos refilam porque têm cinco testes numa semana. Não digo que nunca tenham razão, mas, a maior parte das vezes é alarido puro e duro. Greves atrás de greves (e há alguns que vão para a escola e ficam lá sem dar aulas, é muito pouco amor ao dinheiro ao final do mês, não é? e à gasolina nas viagens de carro, também), manifestações atrás de manifestações. Mas depois levam a mal quando algum aluno tenta refilar.
Deviam olhar para a sua profissão como uma daquelas que mais benefícios trás. Não tem rotinas, conhecem pessoas todos os anos, histórias e casos de vida completamente diferentes e ainda podem falar muito e muito, que pelo menos uma pessoa deverá estar a ouvi-lo. Também podem ir mal vestidos como tudo, que o director da escola não lhes vai fazer reparos.Não tem de ir de fato e gravata com as pessoas que trabalham em bancos e outros que tais. Muitas vantagens.
Mas, para não se queixarem que também há desvantagens, vamos apontar algumas. Trazem muito trabalho para casa (mas também porque o pedem, porque às vezes há coisas que não são necessárias e todo o mundo sabe disso). Depois também deve haver ocasiões em que estão a falar para o boneco. É triste, eu sei, e até tenho alguma pena, mas há coisas que uma pessoa já não consegue ouvir.
Mas esta classe de que já se pode chamar polémica, pode dividir-se em várias categorias.
Comecemos pela pior: os frustrados. São uma espécie de Fernando Pessoa. Têm dor de viver. Não gostam daquilo que fazem, vêem no seu trabalho uma obrigação e, é com muito gozo que lixam a vida dos alunos e é com ainda com mais gosto que com um sorriso de orelha a orelha dão negativos.
Depois temos aqueles que, apesar de até gostarem daquilo que fazem, não têm jeito para a coisa. Não conseguem chegar aos alunos, até podem dar boas notas mas nunca se aprende nada. É falta de vocação e, aí, não há nada a fazer.
E, por fim, temos os melhores. Aqueles que têm gosto e jeito, aqueles que nos conseguem transmitir aquilo que têm que transmitir e ainda ensinam mais qualquer coisa. São esses, por norma, aqueles que recordamos como as pessoas que mais aprendemos.
Depois há um velho cliché que diz que os alunos gostam de facilitismos. É mentira. Claro que, uma vez ou outra, nos sabe bem que não haja tanta exigência, porque andamos realmente cansados e que não somos máquinas, mas, grande parte dos alunos deste mundo, poderá confirmar que já teve professores exigentes que foram do melhor.
Outro aspecto importante, passa ainda por aquilo que eles são enquanto pessoas. Como em tudo nesta vida, há boas e más pessoas. E isso nota-se. Porque passamos muito tempo juntos e, tal como eles percebem, nós também percebemos. Mas, não será difícil para o mais comum do estudante lidar, todos os dias, com uma pessoa sem escrúpulos?
E, depois de os caracterizar, falemos daquilo que eles sabem sobre nós. Sabem muito, ainda que não o revelem. Sabem que tipo de pessoas somos, aquilo que fazemos fora das aulas, como nos relacionamos e etc e tal. Muitas das vezes não temos percepção destas coisas, mas isto de lidar muitos e muitos anos com alunos, dá-lhe uma espécie de conhecimento acerca destas criaturas fantásticas (entenda-se alunos).
Enfim, este é um mundo complexo, que terá sempre algo mais para dizer. Mas fica aqui um lamiré.

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